domingo, 3 de novembro de 2013

Atividade "Aprender com Segurança!"

Figura 1 - Powerpoint da Atividade "Aprender com Segurança!"

Olá caros leitores!

   Nesta publicação, irei novamente fazer referência a uma temática já abordada anteriormente por mim neste blogue, a Saúde Escolar, mas mais concretamente à atividade desenvolvida por mim e pelos meus colegas de estágio no âmbito de uma ação de educação para a saúde denominada “Aprender com Segurança!”. De acordo com o Decreto-Lei nº 117/95 de 30 de Maio (que regulamenta a atuação do Técnico de Saúde Ambiental), Artigo 3º, ponto 2 “a atuação dos técnicos de higiene e saúde ambiental é realizada, quando necessário, com o apoio técnico de técnicos auxiliares sanitários e desenvolve-se nas áreas seguintes: (…)

f) Saúde Escolar;
g) Educação para a Saúde e Formação."

   Segundo o Decreto anteriormente mencionado, o Técnico de Saúde Ambiental atua na área de saúde escolar que compreende a participação em açoes de promoção e manutenção da higiene e segurança nos estabalecimentos escolares, bem como na área da educação para a saúde e formação que compreende:

a) A promoção da proteção ambiental primária e da educação para a saúde das populações;
b) A intervenção em ações de formação e colaboração no aperfeiçoamento profissional do pessoal de saúde;
c) A participação em programas de investigação do âmbito da sua área profissional.

     No que diz respeito ao Plano Nacional de Saúde Escolar, divulgado pela Circular Normativa nº 7/DSE de 29/06/2006, uma das áreas prioritárias de intervenção consiste na promoção de estilos de vida saudáveis, sendo que das várias intervenções descritas neste âmbito é possível destacar a promoção da segurança e a prevenção de acidentes. Desta forma, foi-nos solicitada a realização de uma atividade de educação para a saúde para duas turmas de uma Escola Básica do Distrito de Beja, que contemplasse esta mesma temática, à qual denomina-mos de “Aprender com Segurança!”, uma vez que consideramos que todas as crianças têm o direito de aprender num ambiente propício à sua saúde, estando informadas acerca das regras/normas que garantam a sua própria segurança.

Figura 2 - Planeamento da Atividade "Aprender com Segurança!"

Figura 3 - Durante a apresentação da Atividade "Aprender com Segurança!"

    Após a realização da atividade, foi possível constatar que em ambas as turmas os alunos apreenderam a informação, tendo sido muito participativos e mostrado interesse e entusiasmo em relação ao tema abordado. Embora a temática da promoção da segurança e prevenção de acidentes seja bastante ampla e abrangente, tentámos ao máximo ser breves, quer ao nível da apresentação, quer ao nível da informação transmitida. Tentámos simultaneamente adaptar a linguagem ao tipo de público-alvo, utilizando uma linguagem simples e acessível para que os conteúdos apresentados fossem apreendidos por parte dos alunos.

   A título de curiosidade apresento um dos vídeos de animação ("Tinóni e Companhia") que utilizámos durante a apresentação, por forma a enriquecer a mesma.




     Relativamente à temática abordada nesta publicação, mais concretamente à segurança dentro e fora do recinto escolar, gostaria de referir um estudo que foi realizado pela World Health Organization (WHO), em 2004, no que diz respeito à realidade dos acidentes rodoviários que afetam milhares de crianças e jovens um pouco por todo o mundo, denominado: World report on child  injury prevention. De acordo com a WHO Global Burden of Disease Project, em 2004, cerca de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo englobando diferentes faixas etárias, morreram devido a acidentes rodoviários, sendo que mais de 50 milhões ficaram com sequelas (lesões a curto e longo prazo) devido à ocorrência dos mesmos. No que diz respeito às maiores taxas de acidentes rodoviários em que se verificaram vítimas mortais, estas encontram-se nas regiões do Sudeste Asiático, África Oriental e Pacífico Ocidental, sendo que 21% dessas vítimas mortais incluiam crianças. Globalmente, o panorama atual em relação a acidentes rodoviários é preoucupante, estimando-se que até ao ano de 2030 estes sejam a quinta principal causa de morte em todo o mundo, e a sétima principal causa de incapacidade e morbilidade segundo a Economic Commission for Europe, 2003.

Figura 4 - Taxas de Mortalidade Infantil relativamente aos acidentes rodoviários por regiões e nível de desenvolvimento
     Em 2004, os acidentes de trânsito foram responsáveis por cerca de 262000 mortes de crianças e jovens com idades compreendidas entre os 0-19 anos, representando quase 30% das principais causas de lesões e ferimentos infanto-juvenis. Apesar de existirem algumas variações geográficas significativas, 93% das mortes de crianças/jovens devido a acidentes rodoviários ocorre em países em vias de desenvolvimento. Ainda no referido ano, foi possível concluir que nas regiões do Sudeste Asiático bem como em praticamente todas as Regiões Africanas 2/3 das mortes envolvendo crianças e jovens foram desencadeadas por acidentes desta natureza (Vincenten, 2003). Os dados do presente estudo demonstram que a taxa de mortalidade em crianças devido ao tráfego rodoviário é de 10,7 por 100000 habitantes, sendo que no Sudeste Asiático a taxa é de 7,4 por 100000 habitantes e nas Regiões Africanas 19,9 por 100000 habitantes. Contudo, apesar de a taxa de mortalidade não ser tão elevada na Europa, os acidentes de trânsito ainda são responsáveis por 1/5 de todas as mortes infantis na União Europeia. (Parker et al, 1993).

Figura 5 - Percentagem de mortes infantis devido a acidentes rodoviários tendo em conta a posição ocupada na via (peões, passageiros de veículos, ciclistas) nos países de OECD
    Através da análise dos dados, é possível estabelecer uma relação positiva entre o crescimento da taxa de mortalidade de  crianças e jovens no trânsito e o aumento da idade dos mesmos, o que acaba por refletir a forma como utilizam a estrada. Desta forma, crianças até aos 9 anos têm uma maior problabilidade de estarem acompanhadas por adultos, seja em veículos ou como pedestres, enquanto que crianças mais velhas tendem a viajar de forma mais independente, apresentando uma maior tendência para comportamentos de risco. (Rahman et al, 2004). Por exemplo, no Bangladesh, os acidentes rodoviários foram a segunda principal causa de morte em crianças com 1-9 anos, enquanto que em crianças/jovens com 14-19 anos, estes acidentes foram a principal causa de morte.

Figura 6 - Taxas de Mortalidade Infantil devido a acidentes rodoviários tendo em conta o género e grupo etário, em 2004

     Desta forma, é de realçar que ainda existe muito trabalho a ser desenvolvido no âmbito da segurança rodoviária em crianças e jovens no sentido de reverter o panorama atual, uma vez que o número de crianças e jovens que são vítimas de acidentes de trânsito ainda é bastante significativo. Enquanto futura Técnica de Saúde Ambiental e agente promotora da saúde, considero que deverão ser implementadas e/ou reforçadas determinadas medidas e programas, contribuindo para a formação mas também para a sensibilização não só de crianças e jovens mas também de toda a comunidade educativa (professores, encarregados de educação, auxiliares de ação educativa) e de todos os cidadãos, enquanto agentes participativos e promotores de uma sociedade, tendo como propósito a eliminação e/ou redução dos comportamentos de risco associados à sinistralidade rodoviária.

    Ana Machado

   Fontes Bibliográficas:
 - Circular Normativa nº 7/DSE, de 29/06/2006:
http://www.dre.pt/pdf1s/1995/05/125A00/33783380.pdf
- Decreto-Lei nº 117/1995, de 30 de Maio:
http://www.dre.pt/pdf1s/1995/05/125A00/33783380.pdf
World report on child  injury prevention. World Health Organization, 2004:
http://www.unicef.org/eapro/World_report.pdf

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